quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Rede (A era da comunicação) - Momento Poético


Cada digito, cada centavo
Cada pacote já desgastado
Cada download e cada Post
Cada amigo que se descobre.
Cada pessoa, cada visita
Cada contagem que se exorbita
Cada mensagem e Cata-Boom
Cada código que forma um
Cada projeto, cada suspeito
Cadê o tal? Cadê o sujeito?
Cada inimigo, cada kbyte
Cada macaco fazendo arte
É cada qual, como quiser
E cada um, faz o que quer
É cada qual, já no seu galho
Comunicar-se? Só por atalho
É um por si, ninguém por mim
É tudo teu, por que é assim?

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Momento Poético - O amor

Passei um tempo sem atualizar por que estava dando mais atenção a outros projetos... Assim como o próprio livro do The Faerie! Mas vou fazer mais contos para cá também... Por enquanto fiquem com um poeminha que acabei de fazer ^^


O amor é a peça obsoleta desse quebra-cabeças que chamamos de mundo
É o véu que cobre a marca, a doença, a ferida e a indolência desse povo imundo
É verbo, o futuro, o passado, o agora, a ação...
Cada nota simultânea que compõe essa canção...
Como o sol que brilha e aquece as almas geladas de um povo sem fé
Como a vida que brota, se enrosca, floresce assim o amor é...
Mas se de fato é obsoleto
Como a roupa que compro
E amanhã não almejo
O amor perde-se na memória de quem o pôde ter e sentir
Assim como nós, que vamos e vemos nos deixar de existir
E por fim acenando antes de sumir
O amor é saudoso e vai a sorrir 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Momento Poético - Dia Nacional do Escritor

E um feliz dia nacional do escritor para todos nós, os domadores de palavras... A todos nós "atores" de escrita, mentirosos, talvez, ou apenas grandes imaginadores...

"Menti para você
Quando sorria por qualquer motivo
Mas você deveria saber
O poeta forja seu sorriso
E diz belas palavras
Que nunca sentiu
Diz que ri mesmo que chora
Mesmo que nunca sorriu..."

"O escritor é como mulher
Adora cuidar de várias vidas
É como larápio
Engana a todos com suas emoções forjadas
É como incógnita
Pois nunca se sabe se o que se escreve é o que sente, ou o que o personagem sente
É como pai
Pois cada personagem é um filho teu
É como um conselheiro
Pois ajuda cada personagem a chegar em seu objetivo
É como amigo
Pois por mais que aquele seja o vilão mais repugnante, mesmo assim ele o ama
É como revolucionário
Pois como os que saem as ruas para protestar, o escritor protesta em suas palavras
É como um cientista
Pois cria em seu laboratório mental tudo que conseguir
É como diretor, cineasta
Pois diz o que cada um deve fazer em cada cena
É como professor
Pois sempre deixa uma mensagem em cada um de seus escritos
É como escritor...
Que faz de tantas coisas tão diferentes uma só...
Mas acima de tudo, o Escritor é como Criança...
Pois como toda a criança, faz da criatividade sua rotina"


domingo, 17 de junho de 2012

Momento Poético - O riso

É reciproco o riso?
é sarcástico este?
forjado o sorriso?
ou sincero deste?

desenhado por ti mesmo
com traços fortes
escondendo seu segredo
para a sua própria sorte

(Parceria com Raiany Pires)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Momento Poético - Soldado de papel

Corri, temendo que a chuva molhasse meus anseios
e que dissolvesse minhas emoções de papel

Fugi, como vai o vento
e jamais voltará da mesma maneira

Caí, como as flores que pendem da árvore
antes de abrir
antes de amar


Feito em parceria com Raiany Pires

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Momento Poético - Consumo consome o consumidor

Meu celular ficou fora de área
minha casa está pra alugar
Ninguém reconhece minha cara
meu nome não está em nenhum lugar

Minhas riquezas se extinguiram
Minha identidade não existe mais
Meu códio de barras está perdido
Minha validade termina, não volta jamais

terça-feira, 29 de maio de 2012

Momento Poético - Camila


"Deixa eu colher mais um dos teus beijos
Em tua boca vestida de vermelho
Encontrar nas tuas curvas esconderijo
Ser pra ti espelho
Para ver-te todas as manhãs
E poder contemplar a volúpia no brilho dos teus olhos
Morder com ternura tuas maçãs
E sorrir de novo ao ver tuas feições
Teu sorriso reluzir por minhas promessas vãs
Ao ouvir de novo as minhas canções
Que escrevi

Perco-me nas linhas de teu rosto...
Ao sentir teu cheiro ainda em minha roupa
Ver brotar em seus cabelos a flor, o gosto
Em teu mel que exala e encanta, atrai minha boca
Serpenteia tua pele sobre a minha
No desatino de ouvir músicas de amor a cada olhar
De ter borboletas no estômago, a cada esquina
Lembrar de tuas palavras e de tua maneira de amar
E saber que serei feliz toda vez que voltar
Da rotina, do trabalho, te encontrar
Vestindo as roupas minhas, sorrindo, a dançar
Sozinha, na esperança minha, de contigo estar

E dançar, e cantar, e fazer família
E beijar-te mil vezes até que teu sabor doce seja meu
E poder afirmar para o mundo que tu me pertences
E eu pertenço a ti, sou teu, completamente teu
Para hoje, Para o agora, Para sempre
No teu frasco de perfume de Vanilla
Camila..."

O Filho Pródigo

Ouça a trilha sonora da crônica

-Pai? Estou chegando... – Ele disse analisando a paisagem pela janela do ônibus e guardou o celular no bolso sem tirar os olhos de lá, apenas recostou a cabeça sobre a janela e viu a nuvem de areia ser levantada enquanto o ônibus se locomovia, o céu estava alaranjado, o sol escaldante, já não havia plantas em lugar algum, toda a sua pequena cidade parecia um deserto... Ele via o resultado da guerra em que participou, e deixou escorrer pelo rosto a lágrima que segurou durante todos os anos que esteve na batalha... O ônibus chegou perto do vilarejo e freou bruscamente, o rapaz desceu com cautela enquanto algumas crianças, cinco ou seis o esperavam na porta, todas sorridentes, nem ao menos o conheciam, mas o tinham como lenda... Ele foi acompanhado pelas crianças saltitantes o puxando pela mão, enquanto adentrava a pequena vila de poucas casas, todos o esperavam ansiosos e choravam pela família, por ter esperado tanto pelo filho pródigo, as crianças riam alegres em finalmente ver o tal homem que seus pais lhe falavam, um exemplo, o único ali que foi para a guerra, as pessoas comentavam e abriam caminho em direção a antiga casa do rapaz, tinham orgulho dele, mas ele mau entendia o que significava todos aqueles olhares, de todos aqueles sorrisos, e continuou analisando-os assustado, tentando entender o que acontecia, o rapaz colocou sua grande mochila nas costas e seguiu pelo caminho feito de pessoas até sua velha casa de madeira, o pai o aguardava sentado sobre sua cadeira de balanço, os anos haviam lhe feito ficar com a vista cansada, chegando a ser quase cego, mas o homem soube que a sua frente estava o jovem filho, ergueu-se e apalpou o rosto do rapaz, e sorriu em prantos
-Samuel... – Ele cambaleou soltando a bengala, mas o filho segurou-o o abraçando. Os dois não puderam conter a emoção e sem muitas palavras sorrirem, olharam-se e abraçaram-se
-E a mãe? – Ele esperava encontrar alguém na janela ou perto da porta
-Tua mãe Samuel... – Ele enxugou o rosto do filho com os polegares – Não aguentou esperar... Mas teu irmão... Vem logo atrás não é?  Você conseguiu resgatar o Sandro não é? Você... Você o tirou das mãos dos inimigos não é? – O pai disse sorridente, mas sem responder Samuel apenas entregou-lhe o quepe do irmão caçula e sacou do bolso um papel dobrado diversas vezes e o desdobrando leu:
“Se estiver lendo, quer dizer que eu morri aqui, sem ao menos poder despedir-me de todos vocês... Mas saibam que eu morrerei feliz, pois sei que fui amado, e que todos os momentos bons que pude viver trago comigo em meu peito, e lembro-me que os melhores momentos foram sempre ao lado de vocês, Rosa, minha querida esposa e meus filhos Fernando e Augusto, com meu irmão Samuel e os meus amados pais, José e Maria... Amei-os, mas minha hora chegou, morri por minha pátria e espero que ao menos um sorriso possa ter trazido... A vitória de nosso país“
                Samuel analisou toda a paisagem ao seu redor, e chorou novamente, haviam perdido a guerra, haviam perdido tudo, as crianças, as flores, a esperança. O pai desolado o abraçou forte, ambos choraram, as lembranças voltaram a cabeça de Samuel, ele e o irmão caçula brincando naquela vila, as árvores, as pessoas ricas de sorrisos, a fartura, a beleza dos rios, das plantas e animais... Tudo perdido na guerra, todas as lembranças queimadas, destruídas; depois observou as famílias pobres; doentes; a escassez, notou que não só perdeu a guerra, perdeu seu jardim e todo o resto com ele... Perdeu sua vida, tirou vidas, e a de seu próprio irmão.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Saudade

Estava sentado em um canto ensolarado do pátio observando o movimento e as despedidas dramáticas que ali faziam, foi quando ao fundo vi um rosto conhecido a se aproximar, Anna estava com seu previsível vestido rosado, longo e florido, uma sandália marrom com laços coloridos, o cabelo, loiro, era trançado, pendendo sobre o ombro esquerdo, vinha abraçada com um caderno encapado com EVA lilás com babados cor de rosa feitos de crepom ao redor e no rosto tinha estampado um belo sorriso, mas parecia que por dentro não tinha a alegria estonteante e resplandecente que sua face esboçava; a garota parou a minha frente como uma estátua grega, forçou ainda mais o sorriso e continuou parada, sem nada dizer... Era engraçado, notar que a menina que sempre puxou assunto, hoje, esperava que eu me pronuncia-se
-Olá Anna...
-Oi... - Ela movia os lábios, mas nada além do "Oi" foi dito
-Está tudo bem? - Eu coloquei a mão sobre seu ombro
-Bem... - Ela sentou-se ao meu lado e como sempre, com sua sinceridade, prosseguiu - Não.. Você sabe, esse clima de despedida... Final de ano... Me deixa meio deprimida - Ela sorriu com os olhos molhados
-Entendo...
-Eu vou morrer de saudade... E você? - Me olhou sorridente, esperando a resposta já manjada
-Não... - Anna apenas mudou o semblante, parou de forjar o sorriso e franziu as sobrancelhas - Como eu posso sentir saudade de algo que logo voltará? Sinto saudade daquilo que se vai para não mais voltar...
-Não vai sentir nem um pouco de falta? - Os olhos de Anna começaram a encher de lágrimas
-Não sinto falta do sol, pois ele se vai, a lua vem e faz sua parte... Mas sei que logo, no dia seguinte, pela manhã ele surgirá outra vez...
-E se não surgir? - Ela inclinou a cabeça e não pode conter-se
-Mesmo assim não sentirei sua falta, pois sei que ele está aqui, e minha vida ainda irá girar eternamente ao seu redor...
-Assina meu caderno? - Ela secou o rosto e sorriu fugindo da pergunta "Por que você está chorando?", deu-me sua caneta e colocou o caderno no meu colo
-Assino aqui por cordialidade, mas por carinho assino seu coração, para que de mim sinta saudade...
-Isso é um adeus?
-Talvez um adeus - Eu a devolvi o caderno - Talvez um até breve... - Após isso ela beijou o rosto e da mesma forma que veio, foi embora; por dentro chorando, sorrindo por fora...  Depois lembro dela ter aberto o caderno enquanto andava e parou subitamente de andar ao ler minha mensagem, voltou-se para trás me procurando, mas eu já havia ido embora...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Momento Poético - Pontuação

Retórica?!
pois responda-me!
afirmo?
duvido!

Momento Poético - Ciência do saber

Ciência do saber
estando ciente
que é sabido
que o saber é ciência

Sabiás sabem
que o sábio é
que o sábio tem
que o sábio quer

Momento Poético - Dormindo em aula

Deita sobre os braços
foge da teoria
amarra nos sonhos seus laços
em busca da alegria

domingo, 20 de maio de 2012

Momento Poético - Proteção

Protegi
debaixo de mil lençóis
Amei
de tal maneira que com força guardei
Aqueci
com a intensidade de mil sóis
Abracei
com tonta força quanto a pressão do mar
Matei
sufocado por tanto amar

Momento Poético - Duvidoso

Por via das dúvidas
andei desolado
Vaguei nas incertezas
meio desesperado
A dúvida
Ergueu-se tão veloz quanto caiu
voltou a mim tão sagaz quanto saiu
A lembrança
Incerta era, talvez não minha
um déjà vu, desenho e linha

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O mico de circo e a borboleta intrépida II

Capitulo DOIS - Jardim de jasmins


Leia o capítulo Anterior de "O mico de circo e a borboleta intrépida"

A multidão voltava as suas terras depressa, enquanto o circo preparava-se para ir, mas homens fortes seguraram as rodas e cordas que prendiam o carroção enquanto o resto do povo circulava o mesmo gritando
-Queremos nosso dinheiro de volta! Ladrões miseráveis! – Acertavam paus e pedras dentro do carroção, e tentavam invadi-lo
-Eles vão nos matar! Oh céus! Bárbaro! Diga aos meus pais que eu os amei – Dizia Esmeralda histérica
-Pare com seus faniquitos Esmeralda! Nós não vamos morrer! – Ele agarrou a grande mulher pelo colarinho de seu vestido, mas parecia tão assustado quanto Esmeralda
-Pare de falar homem! – O palhaço mais franzino se pronunciou – Você é o maior e o mais forte daqui Bárbaro, vá lá e os acalme!
-Mas logo eu? Acabei de fazer as unhas e estou com o cabelo lavado... Eu não...
-Seja homem rapaz! – O palhaço gordo chutou-o para fora do carroção que o povo balançava, Bárbaro encolheu-se e gemeu em meio à multidão enfurecida, mas estufou o peito e tomou uma pose corajosa
-Afastem-se! – Todos obedeceram e tomaram certa distância do carroção e puseram-se a ouvi-lo – Tudo ficará bem! E todos estarão felizes, não se preocupem...
-Então acabem com isso logo e nos devolvam nosso dinheiro! – Uma mulher rechonchuda triste por ter perdido suas jóias retrucou
-Mas isso será impossível minha senhora, vocês não assistiram as apresentações? Pois o dinheiro então já foi investido!
-Mas essa droga de apresentação foi interrompida logo no começo! – Um dos homens disse
-Além de que contrataram um macaco larápio para nos roubar! Merecemos nosso dinheiro de volta pela perda de nossos objetos... – Um outro acrescentou
-Mas em momento algum dissemos que estaríamos responsáveis por jóias e dinheiro e que caso acontecesse algo com os tais objetos algum de vocês seriam ressarcidos
-Mas o macaco ladrão era contratado seu!
-Não era não, ele apenas estava se aproveitando de nossa ingenuidade - O homem forjou uma cara triste - E mas, mas, mas... Chega de “mas”! É isso e pronto; vocês são os errados! Nosso circo irá embora como assim está
-Ora! Isso certamente foi uma conclusão injusta – Um velho de cara fechada, barba branca e longuíssima, de poucos cabelos, magricela, baixinho e encurvado apoiando-se num cajado saiu do meio da multidão, que como se o velho fosse uma figura respeitada foram se afastando e curvando a cabeça em direção ao homem – Acho necessário que outra solução seja encontrada... Vamos... vocês devem ter muitas noites de apresentações, o dinheiro não lhes faltará... É apenas uma troca... Vocês nos devolvem o dinheiro e... Eu dou a vocês meus serviços... – O velho aproximou-se de Bárbaro sussurrando enquanto o resto da trupe tentava ouvir a proposta do velho
-E de que forma acha que seus trabalhos serão de alguma importância para nós? – O mestre de cerimônias disse desgostoso pela proposta
-Acredito eu – O velho sorriu e ergueu uma de suas sobrancelhas – Que esta noite será um belo prejuízo para os meus senhores, estou certo?
-Obviamente – A domadora de feras tomou a palavra – Essa é a cidade mais rica que visitamos, perderíamos muita coisa...
-Inclusive o que o Dado havia arrecadado... – O Bárbaro soltou
-Então quer dizer que o tal macaco realmente fazia o roubo a mando de vocês?
-Não... Não é bem o que eu quis dizer! – Ele tentou concertar, mas o velho sorridente continuou
-Espertos... Mas acredito que agora esse macaco esteja valendo muito dinheiro para vocês...
-Infelizmente...
-Então, uma pequena vingança seria boa?
-Talvez...
-Eu prometo dar meus trabalhos para buscar esse macaco e vingar vocês e pegar tudo que ele os deve...
-Mas ele é só um maltrapilho e de qualquer forma como um velho nos ajudaria?
-Ingênuos... – Ele riu e abrindo suas mãos fez surgir uma espécie de bola de cristal – Sou o mago Hanmeldinsk... E posso garantir que o macaco terá como pagar e ainda terá mais para que o roubem... – Os olhos da trupe brilharam, viram um futuro próximo do macaco em meio a um grande tesouro, até mesmo os palhaços, amigos do macaco interessaram-se pelo dinheiro e sorriram todos de uma só vez – Agora só paguem a multidão, para que possamos ir...

...

       O céu estava tão bonito que diversos pássaros pousaram em galhos e contemplaram a beleza das lonas celestes, o sol estava suave e o azul banhado por poucas nuvens, mas havia ali uma nuvem em especial, milhares de borboletas de todas as cores, tamanhos e formas voavam migrando para o sul, pois o inverno chegaria, Dado atravessava com calma um grande tronco que ligava uma ponta do abismo a outra, o tronco estava tomado pelo musgo o que deixava a passagem ainda mais perigosa, mas o macaco habilidoso estava acostumado com essas situações logo chegou a outra ponta e nisso notou que a borboleta em seu ombro observava com atenção as borboletas migrando...
-Pode ir... - Ele sorriu colocando a borboleta em suas mãos
-Não posso... Te fiz uma promessa...
-Eu posso me virar sozinho... Sua jornada é mais curta pequenina amiga, aproveite...
-Posso? - Ela sorriu, e o macaco assentiu com a cabeça sem nada dizer e ergueu as mãos deixando a borboleta voar em direção a outra, assim o macaco, apenas esperou que a amiga se juntasse as outras borboletas e virou o rosto em direção ao bosque e seguiu com seu andar desengonçado, mas ainda cansado por ter sido subitamente acordado pela pequena borboleta cochilou novamente debaixo de um árvore

"-Na corda Bamba!
-Limpe isso! Imprestável
-Você é um inútil!
    Dado estava encolhido num picadeiro, com diversos rostos ao seu redor, xingando, cobrando, mandando, cuspindo no pobre macaco
-Anda, vista isso! - Foi obrigado a vestir-se de palhaço aos chutes, apareceu sozinho frente a uma multidão, luzes cegantes, e todos num silêncio terrível, tossindo, pigarreando, esperando por alguma ação
-Faça alguma coisa! - Um dos expectadores jogou uma fruta no macaco que protegeu-se com os braços, nisso todos começaram a fazer o mesmo, e riram enfim, mas da desgraça e dor do pobre macaco
-Inútil! destruiu o espetáculo! Imprestável! Você sempre erra! Sempre estraga tudo! - Dezenas de cabeças flutuantes voltaram a aparecer e girar ao seu redor, colegas de escola, donos, parentes... E Dado permanecia quieto, gemendo, encolhido no centro do palco, sob os holofotes, sob os risos..."


-AHHHHHHHH - O macaco acordou assustado e ofegante com a pequena borboleta em seu focinho
-Achei que estava morrendo, estava gemendo e chorando...
-Foi apenas um pesadelo... - Ele disse virando, fugindo dos olhares da pequena borboleta - Espere... Você não se foi?
-Eu... Não quis te abandonar... Sabe, acho que você precisa de mim, você não tem muita força de vontade e é um fracote - O macaco riu com as palavras da pequena amiga - Mas me diga - ela apoiou-se sobre os braços - Percebeu que nunca dissemos nos apresentamos de verdade?
-Tem razão... Me chamo Dado, filho de Lucinda, das florestas densas das araucárias...
-Bem... Eu sou daqui mesmo... Filha de... Bem, não sei... E...
-E seu nome?
-Bem... Não tenho um... - Ela disse cabisbaixa
-Poderíamos encontrar um nome para você...
-Jura? - O semblante da pequena borboleta mudou foi tomada novamente por um sorriso
-Hmmm... Talvez... Jennette McCurdy
-Que específico... Mas não, quero um nome que tenha algum sentido para mim...
-Talvez sorte... Por que você apareceu para mim num momento que eu precisava...
-Bonitinho... Mas não...
-Como você é exigente... Veja, não consigo pensar em nada... Só sei que quando olho para suas asas, amarelas e brancas, eu me lembro do jardim de jasmins da minha mãe, para mim você parece uma Jasmim voadora...
-É isso! Que lindo! Amei! - Ela voou animada - Me chamo Jasmim - A borboleta apertou um dos dedos do macaco com sua pequena patinha - Prazer em conhecê-lo
-Olá Jasmim - Eles riram - Bem... Acho que podemos continuar nossa peregrinação... - Ele concluiu e ambos seguiram em frente adentrando o bosque fechado
-A propósito, para onde estamos indo mesmo?
-Para qualquer lugar Jamim... Para qualquer lugar... Estamos sem rumo...

...

O sol estava se pondo, os sons do bosque tornaram-se terríveis, e logo tudo entrou em silêncio ao ouvir os galopes dos cavalos sendo chicoteados
-Eya! - o carroção parou repentinamente próximo ao abismo, estava tudo completamente escuro e toda a trupe saiu encolhidos e agarrados, com medo, seguindo o mago esquisito iluminados apenas pela esfera luminosa do velho
-Ele esteve aqui... E não faz muito tempo...


Momento Poético - Nomes

"Lembranças esquecidas
em nomes, em locais
Histórias perdidas
na rua, na moça, no cais

Nomes, nomes, nomes

Respostas invertidas
significam algo mais?
Heranças concebidas
por filhos, por avós, por pais

Nomes. Só nomes. Só nomes?"

Momento Poético - Tão...

"Tão cheio de mim
tão cheio de si
o tempo voou
como se não tivesse tempo para ficar

Tão longe de mim
tão perto assim
mas de fato saberia eu
que aquele fardo seria meu, seria teu

Respingos na janela
e eu só vejo a paisagem
embaçada
tão cheia de vida
tão longe da minha"

terça-feira, 15 de maio de 2012

Momento Poético - Vitrine

"Falanges de madeira
na vitrine da loja de penhores
atrai o pobre aleijado
afasta-o com seus valores"

Momento Poético - Cordas




"Cadarços laçados
cordas com nó
laços de sangue
não estou só"

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Momento Poético - momento patético, Novidade!

Agora além de postar meus contos e as atualizações sobre meus livros, também estou postando espécies de pequenos livros por aqui... Que tem continuações em capítulos, por enquanto temos A máquina, O mico de circo e a borboleta intrépida e o conto Hunter Ghost (ainda estou esperando pela votação da enquete ser concluída hehe) e agora além desses mini livros também iniciei uma pequena antologia chamada "Momento Poético" onde vou postar os poemas, poesias e coisinhas rimadas e malucas que crio por aí... já tenho dois postados e treze aguardando por seu momento de fama, mas é só aguardar que aos poucos as continuações de todos os mini livros vão sendo postadas... =D

Momento Poético - Política


"Título eu tenho
não sei exercer
só ergo o cenho
nada quero fazer"

Momento Poético - O jovem

O jovem poeta
armado está
munido de palavras
pronto a atirar

Rimas pobres
ricas
raras
fantásticas

Rimas simples
belas
ativas
estáticas

O jovem poeta foi atingido
o poema de guerra foi corrompido
desvalido
falecido...

Sem nome, perdeu sua fé
uniu-se ao povo, esqueceu da poesia
tornou-se mais um, como foi, como é
o mundo do jovem perdeu a alegria

O jovem pateta
desarmado está
sem fé, sem amor
sem forças pra lutar

(Parceria com Felipe Guimarães de Aquino, vulgo Bob)

domingo, 13 de maio de 2012

A máquina - UM


Na rotina diária, a correria, pessoa vem, veem, vão e esquecem, esbarram e mal sabem as feições de com quem toparam, tomando cuidado para não derrubar os copos de café frescos que tomam no rapidíssimo horário de almoço, não há tempo para limpar, para preparar suas roupas, ou comida, não há tempo para abraçar os filhos ou dar bom dia, mas para isso em meio a tantas pessoas estão as artificiais, de tamanha perfeição que mau se percebe quem é de lata e quem é de carne, mas é só observar os ofícios e perceberá, que o que tem mais tempo, aquele será... A moça da limpeza que te sorri artificialmente e te deseja um ótimo dia, sem obter resposta... O zelador que concerta sorridente todas as coisas que você quebra nos seus ataques de raiva por não ter conseguido fechar as ações... A cozinheira que faz com cuidado e exatidão a comida que você nem aprecia ou diz como estava boa... O motorista que vai e que vem, sem preocupar-se com as horas, estando sempre disposto, sem precisar descansar, ou estar com a família... Que não tem... E inclusive esse jovem rapaz... Que nada faz, além de olhar pelas vitrines, analisar o céu, olhar as pessoas e andar sorrindo; uma máquina que nem os próprios criadores entendem bem; que não quer trabalho... Quer apenas sorrir e olhar... Um fleumático talvez, preguiçoso e vadio... Mas no fundo, talvez um poeta... Um filósofo...
                                                                 ...

Steve, cerca de dezoito anos, magro, alto, de cabelos negros, olhos azuis, profundos e fundos... lábios pequenos, um nariz fino e arrebitado, criado para trabalhar em Call center, mas é de poucas palavras... Fazendo inclusive com que pensem que é mais um jovem rebelde, que fugiu de casa e anda pelas ruas drogado, tendo alucinações frequentemente... Anda tão desligado que dificilmente não recebe um xingamento, esbarra em um, pisa nos pés de outro... Nunca ouve outra coisa que não sejam palavrões e palavras de baixo calão, ou pelo menos é fulminado, sem ao menos precisar ouvir... Mas naquela vez... Papéis voaram das mãos da garota pequena e delicada, seus cabelos castanhos voavam enquanto ela tentava capturar os papéis para que não caíssem na água e segurava um engradado de cappuccinos, seu vestido florido era empurrado frequentemente pelo vento e a garota mau sabia o que deveria segurar, as folhas, o café, o vestido ou tirar o cabelo do rosto... mas Steve abaixou-se e recolheu os diversos papéis... Entregando-a, ele demorou para soltar, encantado com tamanha beleza da moça, com um ar técnico de metal, mas uma ternura que só um ser humano poderia ter... notou seus olhos verdes contornados por uma imensidão de cílios grandes e desenhados, os lábios e bochechas rosados, e a cabeça deitada sobre um cachecol cinza bem preso... A garota sem nada dizer apenas riu por ser tão desastrada, agradeceu com a cabeça e pediu desculpa diversas vezes, e segui andando... Enquanto Steve a acompanhou com o olhar, sem entender o que havia acontecido... Onde estavam os xingamentos? Onde estava a cara fechada? Ele gravou aquele sorriso sincero e seguiu andando, nunca mais a esqueceria... Um momento tão banal do dia... Mas que ficou gravado na placa mãe de um homem de lata como sendo um dos melhores momentos banais...

Especial de dia das mães


A primeira virada de chave... Lembrei que precisava terminar de preencher a papelada para o meu chefe...
A segunda virada de chave... Desliguei-me do trabalho e analisei a porta já enferrujada, pensando que meu pai poderia lubrificá-la qualquer dia...
A terceira virada de chave... E me veio à cabeça... Amanhã seria dia das mães... Algo me fez hesitar em empurrar a porta, mas eu tinha que entrar; a forcei e entrei em casa, já tomada pelo mesmo ar de todos os anos... E nem parecia que já completaria cinco... Deixei a bolsa sobre a estante, com cautela para não acordar meus irmãos... Mas para a minha surpresa estavam todos ali, apoiados uns sobre os outros, escondidos atrás do batente da porta, olhando com tristeza para a cozinha.
-O que vocês estão fazendo acordados? Já é quase meia noite...
-Psit... – Júlia me pediu silêncio e atiçada resolvi ver o que eles viam... E ali estava, meu pai jantando, sozinho... Notei as fotos da mamãe espalhadas pela sala, pensei na pequena Isadora, que jamais pode saber como é ser amada por uma mãe... Que já faria cinco anos... E... As lágrimas pairaram sobre meus olhos, mas me contive, temendo que meus irmãos me vissem chorando... O relógio virou; meia noite; pensei em levar Isadora para a cama, mas ela se soltou e foi em direção ao meu pai... Agarrada a uma folha de papel, entregou-lhe um desenho, de mim, Júlia, Pedro, Ela e o papai... E apenas, como sempre, com suas poucas palavras, olhou sorridente para ele e num abraço disse...
-Feliz dia das mães... Papai...
Nesse momento notei que a figura ali a nossa frente, sendo pai, sendo homem... Serviu-nos perfeitamente como mãe... Doou-se quando já não tínhamos mais alguém para nos ajudar em nossos passos... Sorriu por nossas conquistas, aventurou-se na cozinha... Amou-nos, como a mãe que perdemos... Foi pai e mãe... Foi quem nos amou por dois e por mais quantos tivesse que amar...

Feliz dia das mães... Para todas as Mães... TODAS...

sábado, 12 de maio de 2012

O mico de circo e a borboleta intrépida

Capitulo UM - Crisálida


-Dado, seu imprestável! - A mulher de feições horrendas, saltou do carroção e secou suas mãos velhas no avental imundo; Dado segurou-se para não rir, imaginando um grande terremoto acontecer a cada passo da megera e fingiu não escutar a mulher gritando - Traga todas as panelas para dentro do carroção antes que escureça! Temos mais uma apresentação essa noite... – Ele permaneceu a fingir que não escutava enquanto a mulher aproximou-se enraivecida e chutou os carrinhos com os quais o pequeno Dado brincava, mas ele permaneceu impassível, pegou os brinquedos que ainda lhe restavam e tornou a brincar como se nada houvesse acontecido – Não finja que não me escuta seu mico preguiçoso! – As pulseiras em seus pulsos faziam barulhos frenéticos enquanto a moça roliça se movimentava, ela mostrou seus dentes podres e os rangendo puxou a orelha de Dado e aproximou-a de seus lábios secos – Eu mandei que trouxesse todas as panelas para o carroção... – Ao dizer isso, a mulher chutou-o e o pobre mico caiu sobre as cinzas da última fogueira fazendo com que as panelas recém-limpas, por ele, e empilhadas fossem ao chão num grande e estridente estrondo, o macaco resolveu assentir e carregou com cuidado as panelas pesadas e metálicas da dona, e pôs uma a uma entre as malas de fantasias e apetrechos, sentou-se num canto e suspirou enquanto ouvia os cavalos chicoteados começarem a galopar, analisou pela última vez a paisagem e derramou sua lágrima ao ver o céu vermelho do entardecer trazer ao seu rosto o vento gélido da saudade... Assim cochilou antes que chegassem à próxima cidade.

...

-Acorde seu vagabundo! – Dado sentiu seu pelo molhado e o frio da noite fez com que ele, assustado, acordasse, passou a tremer sentado na beirada do carroção com o mestre de cerimônias baixinho e de um bigode inconfundível o olhando fixamente enquanto arrumava o suspensório – O show irá começar em pouco tempo e você nem ao menos está pronto seu macaco vadio! Nós te tiramos daquela sua realidade ignóbil! Sua casa terrivelmente miserável... E você nos agradece assim? atrasando nossas apresentações? Ande! Pare de cochilar por aí! – Com seu andar desengonçado o pequeno mico correu para seu camarim improvisado e vestiu suas roupas de palhaço, olhou-se no espelho e forjou um sorriso lembrando-se das risadas do público, mas abaixou a cabeça, abatido, e saltou de sua banqueta, entrando na fila de atrações... Esmeralda era uma mulher desprezível, vaidosa, e glutona... Uma baleia, como a chamavam, e de seu rosto balofo pendia uma barba cacheada e grotesca de fios castanhos escuros, logo atrás da madame, se assim poderia ser chamada, estava um ogro, quero dizer... Um homem, alto e extremamente musculoso, com tatuagens em qualquer lugar que você possa imaginar, treinava um dos braços erguendo um enorme peso, enquanto alisava seu bigode encaracolado com o dedo indicador... Chamavam-lhe de O Bárbaro, mas o rapaz era um narcisista, tinha coleções de perfumes e cremes para a pele, suas roupas deveriam estar sempre combinando em tons e tecidos... Havia ali também um rapaz esguio, com a cara abatida, daqueles que ninguém dá nada por ele, mas que quando os holofotes acendiam mostrava seu talento engolindo espadas e chamas... O mestre de cerimônias tomou seu posto na frente do público e passou a apresentar as atrações, enquanto sua esposa, a megera que Dado odiava, acalmava os tigres e chicoteava os ursos e elefantes;
Dois palhaços parecendo voltar de um bar, se aproximaram de Dado, era um roliço e o outro magrelo de braços finos e pernas longas e peludas, os dois nem sorriso forjavam, mas agradavam as plateias por onde passavam; logo o mestre de cerimônias chamou os três, que desengonçados batiam-se e caiam, mas sem ensaio ou coisa parecida, aquele era realmente a maneira que os três andavam juntos, apresentaram-se sem uma palavra enquanto o público aplaudia, fizeram malabarismos e arrancaram risadas do público enquanto o mico sorria forçado e cambaleava entre as apresentações, saltando e brincando entre os amigos palhaços, subindo sobre grandes bolas coloridas e equilibrando-se, mas logo ele saiu de cena e enquanto o público estava entretido com os outros dois palhaços; Dado foi para de trás da arquibancada, como a dona lhe ensinara, ela lhe disse que aquela cidade era uma das mais ricas que haviam visitado, porém uma das mais pão-duras; deveria tomar cuidado, mas não poderia perder uma única chance... E assim o fez, com seus dedos leves e habilidosos o pequeno macaco puxava as carteiras que pendiam dos bolsos das mulheres e homens rechonchudos, depois passou a tirar jóias com cautela dos mais desligados, pegava moedas, preciosidades, mas ali viu algo que lhe agradou, um pirata viajante trazia amarrada a cintura uma saca consideravelmente grande de moedas de ouro, passou cautelosamente a mão pelo nó e tentou desatá-lo com cautela, mas ouviu um barulho que não era muito bom para se ouvir, a barriga do velho pirata roncava "Pelo jeito meu senhor está com fome" o vendedor de aperitivos disse "vamos é só uma moedinha, para saciar a fera em seu estômago" o macaco assustado tentou puxar a saca o mais rápido que pode, mas o pirata tão rápido quanto, tentou arrancar uma moeda, mas no lugar do que esperava sentiu em seu punho uma mão gelada e enrugada, e Dado só pode ver os olhos raivosos do pirata em sua direção, analisou a figura do macaco e gritou enquanto pulava para de baixo da arquibancada.
-Ladrão! Ladrão! – As pessoas ao ouvir o homem bradar, sem pestanejar apalparam os bolsos, as mulheres procuravam as jóias nos pulsos e gritavam ao não encontrá-las, Dado viu-se sem saída quando notou toda a plateia levantar-se e vir em sua direção, a sua única opção era correr e embrenhar-se na floresta.
                                                               
...

“-Mamãe? - Ele disse assustado ao acordar sobre uma cama improvisada feita de folhas.
-Se acalme filho, a mamãe está aqui... Venha, tome seu leite, querido.
Dado ergueu-se da cama tonto e cansado e sentou-se próximo a sua mãe, ela serviu-lhe leite e deu-lhe frutas picadas em uma tigela feita com a metade de um coco. Dado não tocou em seu alimento e cabisbaixo dirigiu-se a mãe.
-E o papai? Quando vai voltar
-Logo filho... – A mãe disse sorridente, mas inclinou-se e segurou o choro guardado há tempos – Logo...
            A porta abriu-se com violência, e levaram o pequeno macaco da casa de sua mãe, a mulher sem reação gritava e chorava, acordando os moradores que ainda restavam na floresta, mas nada puderam fazer, além de olhar e chorar... O pequeno Dado teria o mesmo destino que seu pai... E a pobre Muriel sozinha estaria até sua morte... Dado foi enjaulado, como uma fera, um monstro... Bateu nas grades, saltou, gritou, fez todo o esforço possível, mas nada adiantava, apenas parou e sentou-se no canto de sua pequena jaula, olhando sua vila se tornar longínqua e o olhar de sua mãe sumir no horizonte; a chuva passou a castigar a carroça, os galhos passaram a cair e Dado encolhido viu sobre o chão de madeira suas lágrimas serem misturadas com a chuva.”

-Acorde! – O macaco assustou-se e balançando a árvore, sentiu uma gota de orvalho cair em seu focinho e despertou a procura da voz estridente – Aqui em cima seu panaca! – O macaco acostumado aos xingamentos ergueu o cenho e analisou acima de sua cabeça um objeto estranho e lindo ao mesmo tempo pendendo de um pequeno galho de árvore – Isso mesmo! – Dado assustou-se com o grito e saltou para trás, observando a pequena coisinha metálica e colorida a sua frente e ergueu seu braço em direção a mesma – Não faça isso! – Ele encolheu o braço assustado – Você não pode tocar...
-Então para que me chamastes...? Coisinha... – Ele procurou um nome para o que via
-Meu nome não é coisinha...
-Então quem tu és?
-"Uma borboleta Amarela? Ou uma folha seca, que se desprendeu e não quis pousar?" Mário Quintana...
-Já vi diversas borboletas, e tu uma não és...
-Por isso quero que me vejas, mas não me toques... – A pequena coisa mexeu-se, cambaleou, bailou e tremeu, até que rasgou-se, assustando o macaco que quis ajudar – Não! Não toque! – Ela voltou a tremer e bailar e aos poucos a coisinha abriu-se e de lá saiu outra coisinha, apertada, amassada, chacoalhou-se como um cãozinho molhado e bateu suas pequenas asinhas pela primeira vez, Dado olhou deslumbrado as asas grandes e amarelas da pequena borboleta reluzindo ao sol – E então... Como estou?
-Agora vejo que realmente és uma borboleta, obrigado por maravilhar meu dia, mas agora vou-me, tenho que fazer algo de minha vida antes que o sol se ponha – O macaco disse virando-se
-Espere! – Ela deu seu primeiro e curto voo e caiu nas mãos enrugadas do jovem mico – Espere... – continuou ofegante – Agora que viu meu renascimento, pertenço a ti, e somente a ti...
-Não... Não posso ser dono de ninguém... Seja livre
-Mas serei livre, só pertencerei a teu coração... Deves me levar a onde for e quando tiver um grande amor, deve-me dar a sua amada e dizer que sente-se com borboletas em seu estômago... – Disse apaixonada
-Meu coração está fechado para amores... E para você... Desculpe
-Mas o que aflige tanto um coração tão sincero quanto a o de um jovem macaco bondoso?
-A vida, pequena borboleta... A vida nos deixa calejados...
-Mas nós somos quem escolhemos como queremos ficar... Sozinhos para sempre, ou felizes com nossos amigos, amores e família... Eu dou a ti a chave de meu coração, dê-me a mim a sua?
-Não sou bom o bastante para cuidar de algo tão frágil, tudo que passa em minhas mãos, murcha, quebra... Morre... – Ele deixou a borboleta no chão e voltou a andar, mas ela persistente voou novamente desengonçada e posou no focinho do macaco.
-Pare de andar! Ainda não sou bem treinada de voo...
-Deixe-me ir...
-Espere... Posso lhe ajudar a alcançar seus sonhos a encontrar quem amas, a voltar para quem tem saudades... – Dado parou repentinamente e inclinou a cabeça, respirou fundo e prosseguiu, a borboleta pousou no chão cabisbaixa.
-Anda... –Ele virou-se sorridente em direção a borboleta com os braços erguidos - Como fazemos para chegar do outro lado? - Ao ouvir isso a pequenina sorriu e voou com toda a energia em direção ao novo amigo
-Oh! Obrigado meu amigo! Prometo estar contigo em todas as suas aventuras! Até a minha morte! – E assim seguiram em direção a Alvorada...


Próximo Capítulo

domingo, 29 de abril de 2012

A Rosa

Rosa Pereira Soares da Silva; sangue arretado correndo nas veias; pele branca, levemente enrugada; de poucos, longos, finos e lisos cabelos negros, caindo sobre os ombros pequenos e delicados da mulher; vinda do nordeste, fugindo dos trabalhos miseráveis; em São Paulo, trabalhando como doméstica; casada e com três filhos; não é lá de muita formosura; seus olhos são negros e grandes; lábios carnudos e rosados; nariz fino e pontiagudo; braços e pernas pequenos e magros; parece inclusive uma pequena raquítica; baixa estatura e de grande magreza; mas é tão frágil e delicada que é charmosa aos olhos de quem a vê; educada; inteligente e quieta sempre, Rosa deixa seu perfume por onde passa, mas para contradizer com seu jeito ingênuo e franzino de ser a apelidaram de Maria bonita... A mulher saía de manhã cedo, comprava pão para os filhos e esquentava o leite, vestia-os e os mandava par ao colégio, ouvia seu marido reclamar, arrumava-se e com a flor no cabelo saia para o trabalho, logo os homens encantados com a moça diziam “Lá vai Maria Bonita”, ela sorridente sentia-se desejada por alguns segundos, mas logo voltava a ficar com sua cara abatida, prendia os cabelos e entrava no ônibus ainda vazio, sentava-se perto da janela e por todo o percurso ouvia a mesma música... A majestade o Sabiá... Segurava-se para não chorar de tamanha desgraça que era sua vida, mas recompunha-se antes de descer em seu ponto; na casa de sua patroa vivia o castigo que não merecia, se um dia Rosa fosse para o inferno, ela pensava que seria melhor que seu trabalho; voltava para a casa; seus filhos estavam perto de chegar; enquanto isso não acontecia via o marido bêbado voltar do bar, contando das mulheres com quem traiu Rosa durante a tarde; batia-lhe; xingava-lhe; humilhava-lhe... Enquanto Rosa, frágil e delicada, apenas ouvia, chorava, e ficava escondida num canto... Jogada... Pobre Rosa, murcha, desolada... Vivia isso, todo santo dia; Rosa dizia estar cansada, rezava para todos os santos que sua avó lhe ensinara, buscava respostas, pedia conselhos a amigas... Ninguém a entendia... Achavam que Rosa era maluca, seu marido um santo e sua patroa uma deusa... Nem mesmo na hora de prestar queixa foi levada a sério...
       Mas numa manhã, Rosa levantou-se com um sorriso estranho no rosto, esfregou os braços feridos da última surra, suas lágrimas escorreram pelas bochechas e foram levadas ao lábio inferior, rindo, ensandecido, sem um único som emitir... Acariciou o marido deitado, beijou-o, e fez os mesmos com os filhos... Repetiu sua rotina, comprou o pão, preparou o leite, vestiu os filhos e os mandou para o colégio... O marido já acordado pediu-lhe a cerveja, a mulher sem responder o fez, foi à cozinha e pegou a garrafa, abriu-a e sacou do sutiã um frasco pequeno e de um líquido escuro, pingou algumas gotas na garrafa e serviu ao marido, feito isso, saiu em direção ao trabalho, os homens sorriram ao vê-la e a mulher retribuiu o sorriso e seguiu para o ponto,pegar seu ônibus, mas dessa vez não ouviu música alguma, foi em pé, e não tirou seu sorriso do rosto... Serviu chá aos patrões, pingou ali o mesmo líquido que pingara na bebida do marido e decidiu voltar para casa mais cedo...
     Os filhos ao chegar do colégio foram recebidos pela mãe apressada
-Corram meus meninos, arrumem as malas...
-O que tá havendo mãe? - O mais velho perguntou
-Não me pergunte, vamos voltar pro Ceará... Vá arrumar tuas malas vá menino...
-E o painho?
-O cabra vai depois, deixe ele dormir agora vá... – Ela largou os ombros do garoto e todos arrumaram as malas rapidamente, pegaram um ônibus clandestino que os levaria para sua terra... E Rosa permaneceu com o sorriso ensandecido no rosto... Não esboçou tristeza, remorso, não derramou uma lágrima... Ela havia descoberto enfim... Que toda rosa tem espinhos...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A chuva, o ritmo e o silêncio...

A chuva molhava o vidro da janela, castigando a relva verdejante do jardim, as folhas e flores quebravam com a força das gotas grossas e terríveis da tempestade, que engrossava com as lágrimas que caiam dos olhos da menina debruçada sobre o batente da janela... O gato acariciava as pernas da garota ronronando tristemente, os sons da casa ecoavam por sobre o silêncio da garotinha, a televisão de som longínquo, anunciando mais uma morte no caos urbano desligou-se, ouviu-se a movimentação de objetos metálicos, logo o silêncio absoluto, exceto pela chuva, tomou toda a casa, uma melodia sinuosa foi entoada por um saxofone e tomou tudo ali, as flores pareceram dançar, a chuva tornou-se mais fraca, o sol saiu, o jardim iluminou-se, a garotinha tornou a observar o lado de fora, enxugou as lágrimas que deixavam turva a sua visão, levantou o rosto aos céus, sorriu...  Correu para a sala, de onde vinha o som, e deitou sossegada no colo da mãe, que não parou de tocar aquela bela canção...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Mancebo...

A frente da porta de entrada havia um tapete com a seguinte inscrição "Seja bem-vindo"; quem pela porta passava de fato bem-vindo era, serviam-lhe chá, riam de suas piadas, serviam-lhe bolo, conversavam, perguntavam-lhe sobre a vida, diziam-lhe o quanto tiveram o prazer da visita, despediam-se e tudo ali voltava a ser como era antes... Havia tornado-se uma rotina, sempre os mesmos assuntos, as mesmas perguntas... Mas uma pergunta repentina levou a família, dona da casa, a um enorme conflito... "Onde coloco meu casaco?" Uma senhora perguntou, ela era riquíssima, da alta sociedade, sempre falando os prós e os contras das casas de suas "amigas" para outras "grandes amigas"... Para a família, em especial a mulher da casa, não ter uma resposta à pergunta seria inadmissível, deveriam parecer prontos para qualquer ocasião, qualquer detalhe, mas sorridentes, sem saber o que fazer pegaram um cabo de vassoura qualquer e espetaram num vaso de flores, disfarçando-o o máximo possível
-Deixe seu casaco aqui Madame...
-Oh céus - Ela analisou o objeto, olhou de cabeça inclinada, andou ao redor do vaso, tocou-o, cheirou-o, pensou até em sentir o gosto, mas seria estranho demais - O que seria isso?
-É uma... Um... - A mãe enrolava-se, mas a empregada rapidamente, cortando cebolas não tão longe dali resolveu ajudá-la, falou a primeira coisa que lhe veio à mente, uma mão... Uma cebola... 
-É um mancebo, Madame... - A rapariga enxugou as mãos e disse fazendo reverência
-Mas que diabos! - A família assustou-se quando a Madame bradou - ADOREI!
      Assim, como todas às vezes seguiram a rotina, serviram-lhe chá, riram de suas piadas, serviram-lhe bolo, conversaram, perguntaram-lhe sobre a vida, disseram-lhe o quanto tiveram o prazer da visita, despediram-se e tudo ali voltou a ser como era antes...  Passaram-se os meses e o tapete de boas-vindas há tempos não era mais pisado, ocorria uma pequena reforma na residência, por isso não receberiam visitas logo... A sala permanecia vazia, os quadros empoeirados, o tapete estava sujo de tinta... E o mancebo? Permanecia ali de lembrança... A família queria mais ajustes, para parecerem ainda mais ricos, com uma das casas mais bonitas, nem que já ninguém pudesse entrar lá e tirá-los do tédio...
       O pequeno telefone cromado com toques de um material semelhante à textura de uma rocha de granito salmão tocou histericamente, a filha mais nova rapidamente atendeu, estava aflita ultimamente, escondendo o namoro dos pais com o Pedrinho da padaria, por isso era sempre a primeira a atender ao telefone... Do outro lado da linha a voz irritante da Madame soou "Quero que venham visitar-me" ela dizia animada, explicou que não poderiam visitá-los, mas ela poderia ser visitada... Sem mais nada o que fazer aceitaram o convite e foram a tal mansão da mulher... Não era muito diferente do comum, um carpete escarlate sobre o assoalho, um sala gigantesca, com obras famosas de esculturas e quadros, haviam vasos de flores, e a frente deles algo semelhante a um cabo de vassoura repleto de outros pequenos cabos espetados, todo feito de ferro, próximo a porta de entrada...
-Podem colocar os seus casacos nesse mancebo, comprei diretamente de Paris... - A mentira da família havia incomodado a inveja da Madame de tal forma que resolveu mandar que lhe fizessem um tal mancebo melhor e mais prático, ela não percebeu como foi enganada, pois sua ganância foi maior do que sua inteligência... Depois daquele dia, o mancebo surgiu na casa de diversas madames, tornou-se uma tendência nos países europeus... O Mancebo vestiu casacos de pele até que fossem proibidos, usou cachecóis, cacharréus, chapéus de todos os tipos, cores e tamanhos, vestiu Prada e Chanel, linho e couro... Foi usado pelo mais pobre e pelo mais rico, caiu no gosto do povo... O mito do cabo de vassoura num vaso qualquer, tornou-se rotina na casa de todos... Inclusive da família em questão... Que aderiram à própria moda que por acidente criaram.... Mas o mancebo... No fim de tudo... De tantas roupas... Tornou-se apenas um escravo do consumismo...


domingo, 22 de abril de 2012

As crônicas das fadas continuam

Parei sim de atualizar aqui com os capitulos do The Faerie, mas vou deixar vocês sempre interados das novidades... Então vamos a uma pequena descrição do personagem John... Há uma outra na página PERSONAGENS ali em cima... Mas como disse, os personagens estão mais trabalhados, melhores e tudo mais... Vejam então como está esse rapaz!

John é um garoto debochado, lúdico, esperto, quase um desses larápios que jogam cartas, tem um sorriso sapeca, e marcas de expressão que parecem esconder suas novas jogadas, seus cabelos e olhos são tão pretos que parecem ser filhos da noite mais densa... Por momentos John fala em incógnitas, deixa dúvidas no ar e as sela com seu sorrisinho inconfundível, novamente, ali estão... Sua testa enrugada, marquinhas de expressão ao redor dos olhos e dos lábios, dunas por toda a face renovando seu ar de mistério sob um olhar boboca, foge de assuntos simples e se esquiva de demonstrações de afeto, uma tentativa de abraço, um aperto de mão e ele dá um salto, uma evasiva de extrema velocidade, seu semblante torna-se terrivelmente hostil, franzido, com ar de reprovação, “não faça mais isso”, ele diz e mais uma vez somos contemplados com aquele estranho sorriso...

Uma crônica para refletirem

Um jovem rapaz perdido no deserto via sua vida passar em suas pálpebras que cobriam sua íris esverdeada, sentia a necessidade de algo beber, sabia que sem água morreria... Viu então ao longe um rapaz se aproximar, trazendo consigo amarrado a cintura um cantil cheio de esperança, quando o rapaz enfim ali passou o jovem pulou a sua frente, parecendo um maníaco ou simplesmente um homem que já não bebia água havia dias-Por favor... - Os lábios do jovem estavam tão secos que a sua fala já era prejudicada
-Oh céus! - O rapaz saltou assustado para trás se esquivando do que ali parecia ser um indigente sujo e ladrão
-Por favor... Dá-me de beber... Dá-me de beber... - Ele se ajoelhou implorando, assim o rapaz compadecido o emprestou seu cantil para que matasse sua sede... Assim ele agradeceu e despediram-se,  um rapaz continuou sua peregrinação, enquanto o outro voltou para o lugar em que estava, no canto daquela estrada improvisada... Assim passaram-se mais algumas horas, o sol estava ainda mais escaldante e a garganta do jovem estava tão seca quanto antes... Viu novamente ao longe uma senhora com um grande cantil e saltou na frente da mesma implorando-lhe por um gole de água
-Por favor... Dá me de beber... Dá-me de beber... - Assim como o outro ela deu-lhe de beber e cada um foi para o seu canto... A senhora seguiu em frente e o rapaz sentou-se na beira da estrada... Mas sua sede não deixava de atormentá-lo, e daquela vez parecia que sua sede estava ainda maior, o consumindo mais... Mas quando quase lhe faltavam as esperanças logo viu ao longe se aproximar um velho com um cantil ainda maior preso a cintura, quando o velho estava próximo o bastante o rapaz pulou em sua frente, mas o velho permaneceu sem esboçar expressão alguma, permaneceram parados até que sem aguentar sua sede o rapaz bradou
-Por favor! Dá-me de beber!
-Me desculpe... Mas não o farei...
-Vais negar a um pobre homem apenas um gole de sua água?
-Não... Negarei que tu continues nesse estado, apenas pedindo... pedindo e pedindo
-Não tenho condições de outra coisa fazer...
-Não tem condições ou não tem coragem? Anda... Se queres matar tua sede acompanha-me em minha jornada... Te ensinarei as maneiras que tu podes sozinho encontrar água... Pois pedindo copo por copo sua sede nunca será saciada... Mas se aprenderes a ti mesmo encontrar tua água terás suprimento para toda a sua vida... Escute o que digo... Favores nos ajudam no momento, mas o conhecimento nos ajudará por toda a eternidade...

Dois textos sem sentido

Aqui vão dois:


Um para testar meus conhecimentos com palavras difíceis hehe

-De fato seria interessantíssimo dizer que a vossa majestade tem ultimamente inflado o volume de minha bolsa escrotal - eu sussurrei
-Desculpe, mas vosmicê disse algo? - Majestade perguntou
-Oh não meu senhor...
-Se não disseres eu derrubarei, com a extremidade do membro inferior, o suporte sustentáculo de uma das unidades de acampamento - Ele já parecia irritado
-Não se irrite meu senhor, não precisas derrubar com intenções mortais
-Tudo bem, dessa vez deglutirei o batráquio - Ele pareceu se acalmar - Mas quanto ao aumento salarial podes retirar o filhote de eqüino da perturbação pluviométrica
-Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira que vou esquecer de tal fato! - Disse bufante- Preciso de um aumento! Este salario nem alimenta os cães!
-Bucéfalo de oferendas não perquiris formação odôntica!


E um que tirei da minha cabeça num devaneio:

"Galochas andam sem dono, sem rumo, fazendo ranger o meu assoalho; Pobres galochas, sem pés para calçar, sem meias para aquecer... Apenas assim, sozinhas, mesmo estando juntas, sem nem mesmo poder exercer sua humilde profissão - Ser pisadas durante todo o dia "

Hunter Ghost - Capitulo UM

Estava escurecendo, Nicole já achava que aquela ideia era loucura, mas já estava perto de mais para desistir, estava tão frio que os três tremiam e andavam encolhidos, afinal, nunca foi comum haver nevascas no Brasil... Lucas já não sentia tanto o frio que fazia... Para ele o importante era que os três chegassem enfim ao seu objetivo, ficaram cerca de cinco anos pesquisando por aquilo, e quem diria que o que eles tanto procuravam estava bem ali, debaixo de seus narizes...
    São Paulo, Brasil.
               Desde que eram apenas crianças muita coisa mudou na terra, muitos falavam de aquecimento global... Mas quem diria que o que aconteceria seria exatamente o contrário... Muitas espécies se extinguiram, pois não conseguiram se acostumar com as novas temperaturas, Brasil continua sendo um país tropical, em relação aos outros países, pois nem no nordeste nos livramos de nevascas... E não faz tanto tempo assim, vocês, do passado, logo saberão como será isso... Ver a neve¿ Não vai ser tão divertido assim... Mas nossos heróis se acostumaram desde que tudo mudou; suas caçadas não se acabaram, mesmo com esses problemas, as jornadas só tornaram-se mais excitantes, o desejo de encontrar novas relíquias só acendia-se mais; desde o colégio, suas vontades não diminuíram, logicamente, no quarto ano tudo aquilo parecia loucura para os mais velhos, buscar mitos era ridículo, os pais deles riam da escolha, pensavam que logo passaria aquela vontade, mas pelo contrário, estudaram e especializaram-se naquilo, fizeram faculdade, doutorado, iniciaram suas pesquisas, uniram suas forças... Gabriel como sempre era impaciente demais para pesquisar a fundo localizações, ou como e quais relíquias deveriam encontrar, ele preferia o ato, a ação... Por maiores que fossem seus medos, Gabriel era bom com a aventura, criava armas, máquinas, projetava carros e outros tipos de locomoção, era sempre aquele que salvava a todos no último segundo puxando o gatilho de uma de suas criações a laser, conseguia abrir portas com combinações malucas, invadia lugares com uma proteção infalível, decifrava códigos, era expert em ligações diretas nas horas de fuga... Enfim, era talvez por isso que ele tinha o apelido de Técnico, ou Mecânico... Mas de fato, era o rapaz que trazia a graça aos momentos tensos, o pícaro... Nicole por sua vez, com seu sarcasmo e irreverência infiltrava-se em locais de difícil acesso pela porta da frente, com seu charme enganava qualquer um, quem desconfiaria daquela carinha angelical¿ Exímia motorista, dona da vã de fuga e do olhar quarenta e três, Nicole é a mestra dos disfarces da equipe, invadiu o banco central como faxineira, a casa branca como guia e o vaticano como freira, é sempre a que encontra a relíquia primeiro, tenta sempre roubar sutilmente o posto de líder, mas sua astúcia não tem efeito em Lucas, seu amigo desde a pré escola, este é o rapaz dos mistérios, nem Nicole, nem Gabriel sabem ao certo seus objetivos na caçada de relíquias, mas o que sabem é que não são más intenções, ele é o cérebro da equipe, diferente de Gabriel, sua paciência é invejável, pode passar de horas a dias pesquisando, decifrando códigos, estudando imagens, textos, procurando segredos e pistas, se não está lendo está trancado em seu laboratório, onde analisa suas pistas em um grande microscópio eletrônico, das poucas vezes que sai está sempre escrevendo ou desenhando em sua caderneta, sempre anotando qualquer coisa que lhe vem a mente, ele diz que lhe falta a memória, e certas coisas podem ser importantes mais para a frente... Mesmo assim é evidente que é muito habilidoso na ação, um exímio lutador, não deixa a desejar nas aventuras, sempre toma as iniciativas e segue na frente, quase sempre calado, mas nem por isso sério e sem emoções, pelo contrário, seu humor é ativado facilmente, mesmo assim nem sempre está presente nas aventuras, pode-se encontrá-lo facilmente na vã, guiando os passos de nossos heróis pelos walk toks... Mas uma coisa é certa, nenhuma dessas habilidades valeriam a pena separadas, os três formam uma bela equipe, e por isso são conhecidos como os melhores caçadores de relíquias... Hunter Ghost, uma organização sem fins lucrativos, com o objetivo único, de encontrar o que nunca foi procurado.
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               Lucas havia sacado o facão da mochila e cortava os galhos a sua frente, o frio impedia de certo modo seus movimentos, mas nada que pudesse atrapalhá-lo, Gabriel tentava encontrar sinal em seu GPS e vez ou outra perdia-se do grupo ou ficava para trás, Nicole por sua vez parava a cada dez minutos para tirar os sapatos e massagear os pés
-Nós nunca vamos chegar¿ - Ela parecia cansada e dolorida, sentou-se sobre uma grande rocha e descansou – Por que não viemos com um dos carros do Gabriel¿
-É um trabalho minucioso demais, além de que é impossível andar com um carro nesse bosque denso... – Lucas respondeu, sacando um cantil da cintura e saciando a sede, secou a boca com a manga da blusa e seguiu falando – Nós já estamos perto...
-Como você sabe¿
-Não sei... Eu sinto, sei lá... Estamos Gabriel¿! – Lucas gritou para o rapaz que permanecia longe empurrando galhos com os braços, o suor escorria por sua testa, seu cabelo estava completamente molhado, definitivamente ele preferia fugir da polícia a ter que ser picado por centenas de mosquitos sangue sugas.
-Deixe-me ver – O rapaz inclinou-se ofegante, enxugou a testa e observou seu GPS – Bem... – Ele rapidamente arrumou a postura e franziu o cenho – Que estranho...
-O que foi¿ - Lucas aproximou-se
-O meu GPS, diz que a biblioteca está bem aqui...
-Impossível! – Nicole bradou – Só se ela for invisível
-Ou estiver debaixo de nós... – Gabriel riu – Que besteira...
-Não... Você tem razão... – Lucas inclinou a cabeça, ele estava com o mesmo semblante de quando procurava pistas, colocou uma das mãos na frente do rosto, foi quando a ideia foi óbvia para os três e os rapazes olharam repentinamente para Nicole.
-Vocês estão pensando o mesmo que eu¿ - Ela inclinou-se sobre a rocha e deu seu famoso olhar quarenta e três, os três sorriam, Nicole num salto para trás observou a pedra e os rapazes aproximaram-se rapidamente e passaram a empurrar com esforço a rocha que tapava o caminho.
-Não dá... – Gabriel inclinou-se sobre a pedra e bufou
-Vamos Gabriel, não podemos parar agora, você sabe o quanto procuramos por isso...
-A primeira Relíquia de verdade... – Nicole tocou no ombro do amigo
-Qual é... Eu to cansado! Não tem nenhuma máquina para nos ajudar a mover isso, você só tá olhando aqui... Eu sei que precisamos disso, mas não tem como voltar depois com o maquinário certo¿
-Estou sentindo um pouco de medinho... Frango¿ é você¿ - Nicole passou a imitar uma galinha
-Para com isso...
-Vamos... Empurre comigo Gabriel... – Lucas se segurava para não rir da atuação de Nicole, mas Gabriel ofendido esforçou-se ao máximo e a rocha passou a movimentar-se, a garota já compadecida resolveu ajudá-los e enfim empurraram completamente a pedra, fazendo com que se revelasse uma enorme e quase infinita escada num estreito corredor de rochas, a escuridão era tão densa que sufocou os caçadores, eles eram valentes, mas tinham medo do que poderiam encontrar lá dentro...


     


     OK, Que diabos é isso? Quem é Gabriel, Lucas e Nicole? Os personagens desse blog não são Megan, Lance, Brian, Haley, John e Jimmy? O que é Hunter Ghost? Afinal... O que está havendo?
      Fiquei milênios sem atualizar essa joça, tem teias aqui até as pampas, eu realmente parei de escrever durante muito tempo, mas não desisti nunca dessa história, The Faerie Chronicles continua sendo escrito, está bem melhor, muito bem trabalhado, os personagens melhorados... Mas não pretendo continuar postando essa história aqui... Então pra que tirei esse blog da tumba? Por que eu queria começar a publicar meus textos, não precisava criar um novo blog... Mas nem por isso vou mudar o título ou excluir as publicações antigas... Mas ainda não entendeu o que está acontecendo? Não... Hunter Ghost não é um novo livro, pelo contrário, é um conto longo hehe, eu vou publicar vários títulos, vários textos aleatórios, contos, histórias, poemas e o diabo a quatro... Se fosse mudar o título ele seria PAPÉIS AVULSOS... Mas vamos deixar como está... Espero que gostem das novas atualizações...
Lucas Luciano

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